quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A Nova Direita

Outra noite saímos com meu filho, a namorada e a família dela.

O pai dela fuma charutos e fomos à procura deles.


Acabamos tomando uns drinks no ComPrando, numa mesa bem ao lado de três casais estridentes que não paravam de tecer comentários e críticas ao "governo dos pobres", como chamavam.

Falavam sobre tudo, do "apagão aéreo" ao aborto, passando inclusive pela "liberação da maconha", que eu nem sabia que o Lula defendia.

Interessante, a até alarmante, foi constatar que surge um novo tipo de pensar e falar preconceituoso e prepotente, que não se preocupa nem um pouco com a sociedade e só raciocina ao redor de seus umbigos e das notícias deturpadas produzidas por certa parte dos meios de comunicação.

A mesa, pelo que pude perceber, era composta de oriundos de classes mais baixas, que chegaram à condição de classe média média. Três deles, duas mulheres e um rapaz, eram advogados; um casal era dono de uma locadora de vídeo, ela assistente social, ele analista de sistema, ou algo parecido.

O outro rapaz, o mais preconceituoso, era funcionário público, da CDHU, parece que engenheiro, e não cansava de citar, em seus argumentos, as casas e os conjuntos habitacionais "de pobre".

Esse engenheiro(?) elaborou um longo raciocínio tentando explicar que os "ricos", os "pobres" e "o governo" são exploradores do que ele chamou "produtores", "empresários" e "profissionais" como ele.

Na ótica dele quem produz são os empresários e os tais "profissionais", os demais vivem dos impostos. São os ricos, que, segundo ele, ficaram ainda mais ricos no governo Lula; e os miseráveis, que vivem da "bolsa família".

Ao explicar o sistema de construção de casas populares da CDHU, comentou que naquela mesa estavam pagando parte da prestação de "algum vagabundo", como se referia aos mutuários.

Acabou por concluir, numa defesa que fazia de Geraldo Alckmin, que o "Serra é comunista", "igual ao Lula" e, não sei por que, "igual ao Tidei de Lima".


Na outra mesa ao lado estava um conhecido jornalista e professor que, igualmente a nós, ouvia tudo calado.

Me ocorreu que na época do Tidei e do Montoro os funcionários públicos pelo menos tinham amor naquilo que faziam.